...porque as melhores coisas nunca são de saber, não há quem as saiba dizer, são coisas de ser...
domingo, 28 de fevereiro de 2010
E quando um amo-te não chega para o seu dizer?!...
Começamos a entender que a Língua do Amor é tão de sentir que nem precisamos do dizer. É quando o Amor é de verdade e nem precisa do dizer, faz-se entender. E o mentir?... O Amor o faz sentir (o Amor não sabe mentir); o Amor é tão verdade que nem tenta, não sabe fingir. Agora sei e nem sei se o sei mas, não posso acreditar que exista alguém que não saiba quando o Amor lhe vem mostrar que ainda não é, há outro falar. Nós não o queremos ver, só o começamos a olhar quando chegamos a encontrar o Amor. E percebemos, quando não conseguimos entender, nada do que está a acontecer. O Amor é esse acontecer, não se consegue entender, de outro modo não é Amor, pode ser o que quiser; é só para dar a entender que o Amor é uma Língua que não se pode aprender, quando a gente quiser, cada um só a pode saber, quando o Amor quiser...O Amor não é de aprender, ele apenas é de ser e quando chega a aparecer ninguém o entende, mas fica logo a perceber: é Amor: aquela dor que é de ser feliz, mesmo sem ver, sem dizer, sem querer...é o Amor e ninguém sabe o seu dizer, fica ali só a querer repetir o seu acontecer, num tempo que nunca chega para o seu ser...é o Amor e eu podia falar todas as palavras do mundo, não o sei dizer...um Amo-te não chega para o dizer... há um nome, um nome que eu sei e sabe o seu dizer,é um nome de letra, que o sabe responder...E por isso o Amor é de ter tantos nomes, é de todas as palavras com letra maiúscula, que se fazem entender quando o Amor vai acontecer...
O seu nome não é Amor, é um nome de ser e há mesmo quem acredite que o tem destinado ainda antes de nascer...O Amor é de ter um nome diferente para cada ser e ainda assim apesar de tão diferente, é tão igual no seu ser...é Amor...
O Amor tem um escrever de letras maiúsculas e não há maneira, não há borracha de apagar, que o faça desaparecer, que o consiga esconder porque o Amor é de viver...
é eterno o seu acontecer...
sábado, 27 de fevereiro de 2010
Ter...
Eu quero todas as estrelas que caem do teu olhar...
Eu quero o azul do teu amar, o amarelo de um querer e um verde de encontrar...
Eu quero, mas não sei dizer de tudo o que é de sentir quando te penso sem querer...
Eu quero e tu sabes das minhas palavras que não chegam a ser nada, perto do que um sentir pode ser...
Eu quero todas as nuvens que chovem o teu beijar e sabem do precisar...
Eu quero e nem sei se o que quero é nada...Eu não sei querer, sem ter tudo, se o tudo for apenas o nada, o nada para te ter... Eu quero tudo, porque tudo é o que te quero dar e nada eu posso ser, se não te der o meu ter...
Fazer um desenho...Amor...
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
As palavras do sofrer ficam tão escritas em nós, gravadas em pedra de ser, tão escritas, tão lembradas...que nem se conseguem escrever. São palavras de apagar que estão sempre a aparecer e não sabem o desaparecer. Nem aquela borracha de ser, não chega, não consegue o seu esconder. Entende-las só o sofrer que é uma palavra de viver. É daquelas palavras tão vivas, que eu queria conhecer, quem vive e a consegue esquecer...
No seu canto sossegada parece adormecer, mas qualquer ruído de nada, qualquer gota de chover, basta para a fazer renascer. Não é palavra, não chega a ser nada, é só um doer que sentimos e não sabemos escrever. Não é palavra, não é nada, é a impressão que nos fica...um procurar qualquer coisa que ali esteve guardada e já nem sabemos do sítio para onde foi atirada. É vida e a vida a sabe entender. Não é palavra, não é sofrer... é viver...e a vida o sabe dizer...
domingo, 21 de fevereiro de 2010
História dos sapatos da Cinderela
Era uma vez uma Cinderela... saiu a correr da discoteca para não perder o metro que a levava de volta ao seu coração, que agora habitava um lugar que já nem ela sabia...o Amor que a levava a correr, puxou-a pelas escadas rolantes e na sua correria apressada, Cinderela nem se apercebeu que deixara pelos degraus, o seu coração: que calçara por distracção só para poder dançar com ele,a música da sua canção... Um Príncipe que sabia das Cinderelas que perdem corações por causa do amor que as faz correr pelas escadas rolantes, passou por ali a tentar encontrar uns sapatos confortáveis, daqueles que nos deixam acompanhar mais facilmente o correr do coração... e foi o tal Princípe que encontrou aquele sapato perdido coração... e pensou: será que aquele seria o tamanho do seu sapato coração?... A Cinderela continuava a correr com o Amor, a procurar o lugar do seu coração e nem dera por falta do seu sapato coração... O Princípe experimentou calçar o tal sapato no transparente do seu coração... e descobriu então que aquele era o sapato da Cinderela do seu coração: um amor que era uma perfeição... E a Cinderela?... Passou a morar no castelo do coração que era o sapato perdido do seu coração...o lugar que nem ela sabia e que era o lugar de todos os corações: o sapato do coração que nos leva pelo caminho do Amor. E é esta a razão pela qual o Amor sempre dói no sapato coração: o Amor vem sempre a correr e teima em usar os sapatos transparentes que a Cinderela anda sempre a perder. Não há nada a fazer!...É o Amor e é o que ele sabe ser...
Fanatismo
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!
...
E, olhos postos em ti, digo de rastos:
«Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...»
Florbela Espanca (retirado de "As Tormentas")
Os versos que te fiz
Deixe dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !
Mas, meu Amor, eu não te digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !
Amo-te tanto ! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz.
Florbela Espanca
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Um banho que adoro tomar: o banho do teu amar...amo o teu amar e as bolhinhas do seu sentir...pôr o coração a lavar os pés do amar e ficar a ver o amor, no gostar a flutuar...e beijos por ali a nadar...uma toalha de secar o amor que se foi molhar e o aroma de música que se espalha pelo ar, deixando nua a pele do amar...e o querer do beijar...
Beijar com amor os lábios do teu olhar...
Sentir que os teus olhos me querem abraçar...
E querer saber dos teus braços que falam o teu tocar...
Pôr-me a adivinhar e não conseguir imaginar como será o teu encontrar...
Não saber se o coração vai saltar à procura do seu lugar e escutar o silêncio a falar o que eu não consigo imaginar...
Andar sem perceber nada: se agora te encontro a pensar e já nem sei de mim, no dia que te encontrar acho que vou ter de me agarrar ou ainda sou capaz de querer fugir de mim...
Vírus...
A culpa é dos vírus!...Quem é que ia imaginar que uns bichinhos tão pequeninos conseguiam espalhar a confusão em qualquer coração? Quem é que ia acreditar que o Amor se pode "apanhar" como qualquer constipação!...Qualquer dia ainda inventam a vacina para a paixão!...Eu gosto da confusão e a culpa não deve ser só dos vírus, o coração também sabe da confusão e quem vai acabar por ficar louca, já se sabe é a razão... só porque amar pode ser uma loucura, mas não é loucura amar...
Brilhar...
Podia ser só de olhar...
De querer ou não querer...
Simplesmente um ver...
Uma questão de ser ou não ser...
Um não querer o seu ter...
Apenas um deixar de olhar...
Mas é um brilhar
O seu fazer...
ainda que se tente esconder...
é um brilhar que não é de tapar, que não é de guardar, nem de apagar...
nem sequer de fechar numa caixinha de esquecer...
é apenas um brilhar, um cintilar, um estrelar...
não há noite de escuro, não há nuvem de chover que o consiga ocultar, que o possa ofuscar..
é um brilhar de lua escondida por nuvens carregadas ou o brilho daquele Sol quando foge para trás do mar...
um brilhar que continua, é um brilhar de ser...
é um brilhar de sentir...
é um brilhar...das palavras que não se dizem, do silêncio que fala...
é um brilhar que não é de procurar em qualquer dicionário...
é um brilhar de poema que nunca é de acabar...
é um brilhar...que é um ar de respirar, sem palavras de falar...
é um brilhar que brilha para nos calar...
é um brilhar...
...é um brilhar que os olhos não conseguem olhar...
...é do brilho que senti em ti, é dele que não sei falar: o brilho que brilha um amo-te mas não o quer a falar... é o brilhar mais brilhante, é um brilhar de iluminar até ao fundo mais fundo...é o Amor a brilhar (só porque não sabe o esconder)...É um brilhar de querer, é um brilhar de amar, porque amar...eu amo o teu brilhar...
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Mensagem em garrafa...
Talvez já a tenhas encontrado.
Talvez tenhas sido o encontrado.
Talvez...
Porque nestas coisas de encontrar é raro saber-se quem encontra ou quem foi encontrado.
Tudo é relativo e isso nunca importa, quem é que quer saber quem encontrou quem. Ou até mesmo o dia, a data, a hora do tal encontrar...
O que realmente fica, aquilo que nos faz viver e querer, transforma o tempo em algo completamente inútil, o tempo passa a ser o tempo de amar e o outro tempo que havia deixa de existir. É como se a vida começasse a nascer a partir daquele encontrar.
E...quem realmente encontra é sempre o amor. Ninguém é encontrado se o amor decidir que não é de encontrar...Algumas vezes, pensamos que encontramos, mas o que realmente encontramos, é apenas uma das formas do amor nos dar a entender que não somos nós que encontramos. O amor é assim deixa-nos pensar que somos nós que estamos a controlar, a encontrar e quando menos esperamos aparece e mostra quem realmente encontra. E lá ficamos nós a pensar o que é que andamos a fazer até ali. E choramos, sofremos, sentimo-nos uns verdadeiros desgraçados e um dia simplesmente percebemos que afinal aquele era o caminho. Sem ele nunca saberíamos do tal encontrar.
Ela, a verdadeira mensagem anda por aí, à deriva pela vida, algures dentro da garrafa dos sonhos que todos acabam por encontrar um dia..
A mensagem é sempre a tal, aquela que todos acreditam encontrar um dia. Diz dos amores sempre perfeitos que vivem em seres imperfeitos e que se transformam por magia no tudo que alguém sonhara um dia. Transforma sonhos em realidade. É o sentido da vida. É o momento em que descobrimos que deixamos de existir e passamos a viver. É o amor que aparece sempre de um qualquer ponto indefenido, algures no Universo, numa garrafa de sonhos na qual todos acabamos por tropeçar mais cedo ou mais tarde, ao caminharmos pela vida.
E sabemos então que não há nada para saber: o amor é a vida e sem amor a vida nem sequer existia, por isso o amor é tão mágico e encerra em si todo o Universo, tudo o que existe. Um nome para o Amor: Vida é o seu verdadeiro nome, por isso é tão fácil de entender: morrer de amor, é a causa mais natural porque sem ele não podemos viver... E sobre o Amor nada se pode dizer, tudo já foi dito e tudo está por dizer, porque o Amor não é de dizer, é de viver...
Para o Amor nunca há respostas, só perguntas a viver, não há certos nem errados, nem há nada que seja de entender...
Coisas que não devemos esquecer:
1- O Amor aparece sempre de mão dada com a dor e é ela que nos mostra que a felicidade existe e nos fala do seu valor. Querem saber da felicidade? Perguntem à dor, ela sabe-a de cor...
2- O amor nem sabe o que é morrer, até mesmo na morte ele continua a viver...
3- Só o Amor faz o Universo parecer do tamanho de um grão de areia e ainda assim consegue lá caber...
4- Coisas que não sei dizer, o amor sabe fazer sentir o seu entender...
5- Tudo o que ainda hei-de aprender e o amor me há-de dizer...
Nota: Quem ainda não encontrou o Amor é muito provável que não consiga ler estas palavras, (é melhor não perder tempo com leituras), o Amor anda por aí a procurar, e... ele não gosta mesmo nada de esperar.
Era bom se a "minha garrafa" fosse encontrada por ti...
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Poema para ti...
Um poema para ti
é o poema que te lê gravado no tempo que me leva a pensar em ti
Um poema para ti
é o poema que te vai encontrar no meio do meu olhar
um poema para ti
é o poema de querer sentir o gostar dos lábios do teu amar
um poema para ti
é o poema de um abraçar que só tu sabes apertar
um poema para ti
é um poema de rio quando encontra o seu mar
um poema para ti
é um poema da mais bela flor que fala da beleza e da sua dor
um poema para ti
é um poema de estrelas a entender o teu falar
um poema para ti
é um poema que eu não sei fazer
um poema para ti
é um poema de dois e de um certo tempo numa estação de chover mar
um poema para ti
é um poema de um tempo flor que se abre em pétalas de esperar
um poema para ti
é um poema que te dou como só se dá o amor... um poema a desejar... é um poema de amor que se recusa a escrever a dor, como um qualquer poema de amor. É o poema que há-de nascer num morrer de amor por ti...
Um poema para ti, é o poema que me põe a escrever sem saber, o poema que só encontrei em ti...um poema que em ti olhei e nem sei se é poema ou se é apenas o traço da palavra que ainda procuro e não encontrei para ti...
O Amor consegue ter a fórmula certa para cada amar e por isso é tão certo no seu reinventar: uma tal de felicidade que nunca se consegue contar; uma dor que é uma certeza, sempre a pensar;um brilhar num duvidar; uma chuva de molhar, sem chapéu que a consiga parar; um sorriso daqueles que nos põe a cantar o olhar; aquela nuvem de chorar que mora no céu de todo o amar; um não querer andar e o seu ter de seguir mesmo sem querer; um não saber encontrar e ir mesmo lá parar; um não saber o dizer e conseguir falar o sentir do entender...a fórmula certa do amor é nem ser preciso pensar e já te estar a falar, coisas que ninguém consegue perceber, na certeza, de que o vais entender...a fórmula certa do amor é um segredo que ainda ninguém conseguiu inventar...o amor não é de fórmulas, é simplesmente... é AMOR...
Um tempo... que não se consegue gastar...
O tempo de uma vida que se mede pelo tempo do amar...
Um tempo que se conta no tempo do teu olhar...
Um tempo que se pensa perdido e que nos faz encontrar num tempo que nunca é certo...
é só o tempo de amar, a querer acertar um relógio que é de pensar e nunca pára de te lembrar...é o amar...um tempo impossível de contar...em horas, minutos, segundos...um tempo que se encontra, só para te encontrar...Um tempo que nos desacerta e é sempre certo para amar...
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Amor é fogo que arde sem se ver
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões
...porque do gelo e do seu queimar... o amor sabe o seu gelar... só ele pode contar do calor, do esplendor, do poder e do queimar do círculo que é o amar.... a aurora boreal... o gelar do seu contemplar...
E..se acaso o amor algum dia se puder olhar, este será sem dúvida o seu fotografar...
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Porque o amor não precisa ser transparente para se ver, embora essa seja sem dúvida a sua cor...
O amor não consegue ver, é da sua natureza o sentir com olhos que vêem muito além do que a visão nos permite alcançar...
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