...porque as melhores coisas nunca são de saber, não há quem as saiba dizer, são coisas de ser...







domingo, 1 de agosto de 2010




Ela não se entendia com a Matemática.
E descobriu que um mais um podem ser três.
Ama demais o três, não se entende com a Matemática e pensa que amar demais não há, amar para ela é amar, nem demais, nem de menos.(Ama-se e basta.)
Descobriu que amar deve ficar entre um um e um três, mas ama demais o três.
Ela não aceita o deve, do ficar entre um um e um três. Afinal ela apenas não se entende com um verbo de gramática (além da Matemática).
Qualquer regra prática, não pode ser amar. Ela recusa-se a reduzir o amor a qualquer dor contida numa gramática ou mesmo falar do amor em números que contem o seu amar. Ela recusa um amor que seja amor de contar e sabe que aquilo que todos esperam ler num amor que se vai escrever, é a dor ou o prazer que nos faz querer o seu ter. Só o que nele faz doer é o que todos gostam de ler. É o que lhes dá prazer.
Ela ama demais o três. Dá-lhe amor, sabe da dor que vive em qualquer amor, mas recusa-se a dar prazer a quem quer ler sua dor. Ela não se entendia com o amor, amava. E não se entende o amor. Amar sem amor é dor, mas amor sem dor não é amor.
Ela amava demais o três porque não se entendia com a Matemática e não se entendia talvez. E amava o não saber, o talvez, o não haver porquês, todos os ses e os mas que um amor pode trazer. O seu amor era toda uma pergunta sem resposta: o amor ou gosta ou não gosta? Era indiferente a resposta. O amor gosta e não gosta e nunca dá uma resposta.
Ela recusava-se a contar a dor, preferia lê-la em grandes poemas de amor. Era lá que ela a escondia e matava aquela dor, porque a lia. Ela não sabia escrever poemas de amor porque os achava pequenos para o amor, só serviam para matar a dor. Ela tinha medo de um dia talvez confundir a dor com o amor e de o matar sem querer. Ela não esquecia que fora sem querer que um dia o amor lhe aparecera como um poema de amor. Ela recusava-se a escrever poemas de amor, não se entendia com a Matemática, nem com a gramática. E lia poemas de amor...(não se entendia com o amor, amava).


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