...porque as melhores coisas nunca são de saber, não há quem as saiba dizer, são coisas de ser...







quarta-feira, 21 de julho de 2010

De pequenas coisas...




Eu espero pelas palavras. Há dias em que elas teimam em não chegar, vêm mais tarde, são palavras, não sabem horas de marcar, porque o relógio que usam não marca um tempo ou um lugar. Espreitam, mal ouvem um calar. E esperam num silêncio sem letras, deixam-se estar, não se cansam de esperar. Quando chegam, sussurram um falar, um murmurar, um segredar, és tu ou eu, ou talvez o seu misturar. Um sentir de coisas tão simples, pequeninas, que saltam cá dentro, tão fundo que duvidamos se um tal sítio existe para se estar e a qualquer momento achamos que vão desatar a voar. E é de coisas como essas, coisas que ninguém vai ligar, que elas gostam de me falar. E eu podia aqui ficar a vida inteira a ouvir o seu calar. Podia escrever páginas e páginas e ainda assim haveria algo novo a apontar. E nunca diria nada, porque dessas pequeninas coisas, coisas como um tu e um eu, um mar, um pássaro a voar, uma chuva de molhar, uma árvore, um riso, uma gota de mar ou um olhar, tanta coisa tão pequena, ninguém vai reparar. Dessas coisas pequeninas ninguém sabe falar e as palavras não sabem dizer de coisas pequenas, elas não as sabem falar, nem microscópios de palavras as conseguem alcançar. E há mais, quem é que vai parar para ouvir o seu falar, quem pára para ver uma flor dançar ou um pássaro cantar ou para ver o teu olhar... Coisas pequenas como estas nunca se podem falar, não há prémios nobel, nem notícias de primeira página, noticiários que os queiram falar... Porque de pequenas coisas ninguém quer ouvir falar. É de pequenas coisas como o que salta cá dentro quando me ponho a pensar-te, como o falar de te olhar, como o teu coração a tocar-me com a mão... É de pequenas coisas que não se falam, que me calam, que me calo e te ofereço para ouvires o seu falar. São só pequenas coisas que te quero dar...

De pequenas coisas que nos fazem calar, abrir a boca e engasgar...eu não consigo falar... de um riso que me pões nos lábios e de umas gotas de mar que se estendem e me tiram o ar e de um sol a brilhar sem parar em plena noite ao luar e de uma Lua que me encontrou e eu quis pendurar pela corda de um coração que é de bater...é de coisas pequenas que eu te quero dizer, o resto eu não quero saber, todos sabem o seu dizer...
De pequenas coisas é que eu quero viver, porque são coisas pequenas que não sabem o que é morrer... são eternas no seu ser...





NOTA IMPORTANTE - Pequenas coisas raramente são coisas pequenas...

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